quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O Governo Actual É Um Exemplo Paradigmático E Um Campeão Dos Incumprimentos

O fim da austeridade foi uma ilusão. 

A realidade objetiva é uma sucessão de cortes de funcionamento jamais vista, mas sistematicamente escondida. 

Dissimular é, hoje, prática corrente na sociedade portuguesa. A palavra e a falta dela estendem-se às coisas do quotidiano. São muitos os que perdem a frontalidade, a capacidade de assumirem os comportamentos que vão adotar perante situações concretas. Dizem sim para despachar e não fazem nada. 

Adiam decisões. Alguns mentem descaradamente quando dizem que os assuntos estão a andar. Não têm a coragem de dizer não, coisa que há anos era natural. 

Vivemos no reino do cinismo permanente, da falta de responsabilidade e da incapacidade de encarar as pessoas de frente. 

A indiferença, a falta de frontalidade, a fuga aos compromissos, a ausência de respostas e o empurrar com a barriga os problemas que se colocam ou envolvem terceiros tornaram--se rotina. São raros os que assumem posições difíceis, quanto mais os erros. Muitos remetem para terceiros a responsabilidade pelo que eles próprios não fazem ou invocam outros para se justificarem. 

Este estado de coisas não começou ontem. É uma tendência. Claro que há ainda exceções por parte de gente séria, rigorosa, frontal e educada que atua com lisura, transparência e honestidade de métodos, esforçando-se para que as coisas aconteçam, assumindo claramente uma negativa ou dando conta das evoluções. Há, ainda, pessoas assim. Mas é preciso que haja mais. 

Faz-nos falta uma mentalidade mais anglo-saxónica, mais transparente, mais ética e, por isso, mais direta. Estamos a tornar-nos bizantinos. E é pena. Porque há não muitos anos era bonito saber que, em Portugal, a palavra dada tinha um valor superior e que se faziam negócios de milhares de contos (no caso da cortiça) com um simples aperto de mão.

Eduardo Oliveira e Silva, Ji 

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