«Desde que a geringonça chegou ao poder, o Estado mudou de forma substancial: passou a ocupar mais espaço, a ser mais intrusivo na vida dos cidadãos (basta ver a nova legislação sobre acesso do Fisco às contas bancárias), a regressar a sectores de onde tinha saído, a entrar em novos sectores sem se saber porquê.»
Manuel Falcão, JN
Enquanto o Estado reforçava a sua participação na economia e aumentava o seu peso sobre os cidadãos, deixava ao mesmo tempo para trás uma série de obrigações básicas - na saúde, na educação, na segurança, nas infraestruturas básicas, na justiça. A prática das cativações fez diminuir o Estado onde ele de facto é mais necessário e abriu caminho a que ele ocupasse espaço onde não é necessário. Não há-de ser por acaso que o regresso do Estado, por exemplo à TAP, coincida com o os instalado na companhia, recordista mundial de atrasos de voos com graves consequências no seu desempenho financeiro.
Este desejo de o Estado ser dono de muito mais do que seria necessário chegou também às autarquias e, neste caso, o desdobramento da geringonça em Lisboa deu os mesmos resultados. Nunca perceberei, por exemplo, porque é que a autarquia lisboeta se meteu ela própria no negócio das bicicletas de aluguer em vez de deixar esse terreno aos privados, como acontece nos outros países europeus - e não foi por falta de interesse de diversos operadores.
Mas o mais inesperado e suspeito movimento do Estado foi a espécie de nacionalização da Inapa, uma das poucas multinacionais portuguesas, concretizada nas últimas semanas. A jogada tem muitos contornos ainda por esclarecer, envolveu a Caixa Geral de Depósitos, a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças e a Parpública - que agora detém 44% da empresa. Mas, como é o Estado o dono desta fatia, não se sujeita às mesmas obrigações dos accionistas privados que, de um momento para o outro, viram a sua posição desvalorizada. Aqui está um bom exemplo do que é a política económica de António Costa e seus aliados.
Qual a negociata que inspirou esta movimentação é o que o tempo dirá.
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