Em democracia não há pais ou mães do sistema, há os cidadãos que contribuíram ao longo do tempo para consolidar o sistema democrático e evitar as derivas e os riscos de distorção dos seus pilares. No pluralismo há de tudo, até a aselhice dos democratas que, em funções relevantes, são incapazes de constatar o que estão a deixar construir, em prejuízo da democracia.
Há hoje uma gritante histeria com os partidos pequenos, em especial com alguns dos que elegeram para a Assembleia da República, como se não tivessem sido a expressão de eleitores que em sufrágio universal exerceram o seu direito de voto e fizeram as suas opções em função das realidades e das perceções.
Já o tenho dito e reafirmo: a histeria com os pequenos, vertida em expressão mediática ou em esboços de bloqueios políticos, produz o efeito contrário ao pretendido. Os altos berros, meio histéricos, meio transtornados, fortalecem quem assenta o seu posicionamento nos despojos gerados pelos protagonistas do sistema político e nos nichos que, tendo sido residuais, assumem crescente relevância. Fingir que não há um problema de predisposição para o populismo e para derivas radicais de direita nas forças de segurança, assente no desgaste do prestígio e da autoridade, nas circunstâncias operacionais miseráveis e numa perceção de abandono pelos poderes, o político e o judicial, é inaceitável. Não fazer tudo para reduzir o espaço de afirmação dessas derivas é irresponsabilidade pura, num dos pressupostos da vida em comunidade, a segurança.
Não deixar que os novos pequenos intervenham no debate quinzenal por razões burocráticas é uma irresponsabilidade grave, uma gritante violação da Constituição da República, um desprezo por parte do universo de eleitores votantes e mais uma causa para alimentar várias consequências.
É revoltante tanta irresponsabilidade, sectarismo e incompetência. Anos e anos de exercício político e há quem ainda não tenha compreendido que não se atacam discriminações, preconceitos e predisposições negativas apenas por decreto.
(excertos do artigo de António Galamba, Ji)
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