Esta é a realidade: para a Câmara de Setúbal, dominada pelo PCP, é natural que sejam servidores russos a organizar refugiados fugidos de um país que a Rússia reivindica como seu. O desejo de reconstituição do império soviético sobrepõe-se ao bom senso.
Muita gente ainda encara como natural que membros destacados e influentes da Federação Russa, como Igor Khashin, possam representar cidadãos de países que se libertaram do regime soviético e se tornaram independentes. Vai-se sabendo que o caso de Setúbal, gritante pelos dislates cometidos, é uma gota de água no oceano. Já nem vou buscar o triste episódio das denúncias da Câmara de Lisboa, na altura dirigida por Fernando Medina, que passou nomes de opositores a Putin para a embaixada da Federação Russa. Mas recordo que o Alto Comissariado para as Migrações incluía em 2021, entre as associações que podem representar a comunidade ucraniana em Portugal, a Associação dos Imigrantes dos Países de Leste (EDINSTVO), dirigida por Igor Khashin que se gaba das suas boas relações com o Kremlin e com a embaixada da Federação Russa em Portugal.
A associação Edinstvo, responsável pelo acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal, está envolvida numa outra polémica. Durante, pelo menos, cinco anos terá tido acesso à base de dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) através de um protocolo assinado com o Governo português.
O que a Câmara de Setúbal fez resume-se a isto: vêm de Leste? Fogem da Operação Militar Especial? Queixam-se de terem sido invadidos? - então os camaradas do Kremlin têm que saber quem são, de onde vêm e o que fazem. Este é o triste raciocínio. E não é falta de bom senso ou ignorância. É apenas subserviência face a ditadores como Putin. Bem podem dar loas a Abril, mas na prática desconhecem o significado de Liberdade. (Manuel Falcão, JEconómico, via 'A Esquina do Rio')
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