Em Portugal não se escrevem memórias políticas. Ninguém quer deixar em testamento ressentimentos passados e ódios que se prolongam por gerações. Livros escritos por políticos são o exemplo de um revisionismo suave e democrático. Falta coragem para os erros, falta visão para o futuro, falta sobretudo a urgência de escrever para mudar. Falta com aflição uma reflexão sobre Portugal para se entender uma solução de continuidade e uma direcção para o progresso. De certo modo, a literatura política é a versão proustiana de uma busca pelo tempo perdido. O tempo perdido por um País.Cavaco Silva não é um político dado a estados de alma nem a exaltações sentimentais nem a angústias existenciais. Cavaco é um político que acredita que o “destino” o encarregou de regenerar a Pátria. E se este livro revela uma certa angústia que se evapora da prosa simples é também a convicção de que Portugal não se moderniza e vegeta na mediocridade democrática de um PS estático.
Não adianta procurar analogias para a actualidade do consulado de Costa. Este é o vício da política portuguesa: a facilidade, o imediatismo, a preguiça de pensar os protagonistas políticos e as práticas políticas de um regime que celebra meio século.
A discussão política em Portugal é assim a pretensão da profundidade à superfície das coisas complexas.
Para o Presidente Cavaco Silva, o país é a “Quinta-feira e Outros Dias”. Para António Costa o país é os “Outros Dias e Quinta-feira”. Existe uma “corrente cavaquista” com dimensão nacional e existe uma “corrente costista” nos corredores socialistas. Esta é a razão pela qual Cavaco mudou Portugal e Costa governa a estagnação de Portugal. Cavaco Silva foi e continua a ser uma figura que une e que divide – o grande unificador é também o grande polarizador. (ler aqui texto completo)
2 comentários:
Geração?. Nova?. O problema da qualidade dos políticos não é geracional. Não é por serem nem velhos, nem novos ou de meia idade que eventualmente poderão actuar de forma excelentes, naquele mister.
O problema da qualidade dos políticos é a forma como aparecem.
Aparecem caídos do céu partidário e ali estão, auto-instalados completamente impunes num anfiteatro dito "Assembleia da República".
Não tem nada, nada, nada a ver com a idade. Qualidade na função de aqueles personagens, sejam eles velhos ou novinhos, é a autonomia que não têm. Sobrevivem. Acomodam-se. É o sistema.
E falta-lhes o crivo eleitoral.
A solução do problema da qualidade dos políticos até é simples. Eleições uninominais.
Se prestam serão re-eleitos. Se não prestam, velhos ou novos, que mudem de profissão.
Nova Geração aqui, não se refer a uma data de nascimento comum – mas é algo “apenas potencial” no sentido de trazer novo pensamento, capacidade criativa e inovação.Pensamento critíco e determinação na ação.Boa Noite! mfm
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