Os interesses dos portugueses deviam estar sempre à frente dos interesses partidários. É urgente demonstrar que partidos assumem este pressuposto. (Vicente Ferreira da Silva, OBSR)*Contrariamente ao que algumas pessoas defendem, o “não é não” foi fundamental. E não é de estranhar que tenha sido um assunto recorrente, referido até à exaustão pela imprensa, e mencionado incansavelmente por André Ventura.
Não obstante eventuais preferências ideológicas, mais ou menos declaradas, a insistência da imprensa deve-se a um cepticismo compreensível: a tibieza e inconstância característica dos políticos portugueses.
Não decidir e prometer sem cumprir deu várias vitórias a António Costa. André Ventura segue o mesmo exemplo e promete tudo a todos imediatamente. Algo que dificilmente cumprirá. Para além disso, Ventura fartou-se de falar do “não é não” para tentar disfarçar a sua surpresa. Felizmente, ao fazê-lo, ajudou a consolidar a imagem de Montenegro como um líder decidido.
André Ventura é um mestre trovador da falácia. Só cumpre o que satisfaz o seu interesse próprio. Qual foi a primeira acção do Chega no Parlamento? Arranjou desculpas para não cumprir o combinado. Na prática, ao inviabilizar a eleição de Aguiar Branco, bloqueou o funcionamento da democracia. Já o PSD, ao contrário de Ventura, não faltou à palavra e possibilitou a eleição dos deputados do Chega para os órgãos da Assembleia da República.
O Chega optou conscientemente por ser coligação negativa com o PS. Esta posição, que é uma demonstração de prioridades – os interesses do Chega estão à frente dos interesses do país – também patenteia desconhecimento pela essência da democracia: a procura de consensos. André Ventura age como se a democracia fosse fazer tudo o que ele quer, quando e como quer, sem qualquer diálogo ou cedência para o estabelecimento de compromissos. No fundo, o que Ventura procura são desculpas.
*(Excertos do texto de VFS)
Sem comentários:
Enviar um comentário