Eis que o primeiro-ministro esclarece que o Chega está “normalizado”, e acontece isto: não caiu o Carmo nem a Trindade. Algumas coisas mudaram. Mas há que corrigir Luís Montenegro. Não foi o partido Chega que foi “normalizado”: foi o regime. Porque a exclusão do Chega, exigida pela esquerda e aceite até há pouco tempo por parte da direita, só nos podia conduzir a um regime anormal.
É possível, sem grandes transtornos, banir das instituições um partido com 2% dos votos. Não é possível, sem mudar o regime, tratar como leproso um partido com 23% e a crescer. Haveria um momento em que, para fechar as portas ao Chega, todos os outros partidos teriam de se unir.
Imaginem: CDS, PSD, IL, PS, PCP, BE e Livre, isto é, conservadores, liberais, socialistas e comunistas, adeptos da Nato e fãs de Putin – tudo junto. O que sairia desta maionese aberrante, se não deslassass direita preferia o silêncio ou o colaboracionismo. O Chega foi demagógico e histriónico? Foi, mas não mais do que os outros partidos sempre foram. Antes do Chega, era de bom tom achar a “irreverência” do BE muito fresca.
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