O wokismo é um termo já sobejamente conhecido, mas os debates acalorados e a emotividade talvez nem sempre ajudem a clarificar o que é, afinal, “ser woke”. Inclusive, se notarmos que muitas das pessoas que, há bem poucos anos, se orgulhavam de o ser, passaram agora a afirmar que o wokismo nem sequer existe, pois, deste modo, evitam dar a cara pelas consequências desastrosas das suas ideias.O wokismo é um movimento que se tem proposto a combater todas as estruturas de poder e todas as desigualdades, apelando a que estejamos despertos para toda e qualquer forma de opressão social. Incentiva uma atitude de permanente desconfiança face ao outro e de reivindicação de compensações por alegadas injustiças sofridas. Através dessa lente, cada indivíduo começa a imaginar uma rede complexa de injustiças em que uns são vistos como vítimas e outros como privilegiados. Entende-se, desta forma, que os sistemas sociais podem infligir injustiças várias, por camadas, numa “interseccionalidade” de dimensões.
Em suma, importa destacar que os “despertos” cavalgam a possibilidade de inventar ilimitadas percepções de injustiça para incutir desconfiança e divisão. Por meio de um paternalismo que intimida toda a sociedade a abraçar o relativismo moral, o wokismo visa subverter todas as coisas em que toca, em nome da igualdade e da inclusão. Assim, os pretensos justiceiros assumem as rédeas do debate para punir todos os que assumam visões diferentes ou que prefiram apenas a neutralidade.
É nesse ambiente de intimidação que, até quando se julga que o wokismo poderá estar a recuar, percebemos que as sementes do mal já penetraram em todo o tecido social. (Daniela Silva, J Económico)
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