Havia um rei que tinha um coração puro e que estava muito interessado no progresso espiritual. Muitas vezes fazia-se visitar por ioguins e mestres de mística e metafísica que lhe pudessem transmitir ensinamentos e métodos para o autoconhecimento e o aperfeiçoamento interior. Ouviu falar de um asceta muito suspeito, e decidiu mandá-lo chamar para o pôr à prova.
O asteca apresentou-se perante o monarca e este, sem mais demora, disse-lhe:
- Ou provas que és um verdadeiro asteca ou mandarei enforcar-te!
- Majestade, juro-lhe e garanto-lhe que tenho visões muito estranhas e sobrenaturais. Vejo uma ave dourada no céu e demónios sob a terra. Estou a vê-los agora mesmo! Sim, agora mesmo!
- Como é possível - inquiriu o monarca - que através destes espessos muros possas ver, no céu e sob a terra, o que dizes ver?
E o asceta respondeu:
- Basta ter medo.
A raiz do medo, junto com a da ira, é a mais profunda na mente humana. O medo leva-nos a fingir, a simular, a falsear e a distorcer. Há um medo construtivo que é libertado para a sobrevivência, mas há outro medo que é capaz de libertar o pior de nós mesmos e que é preciso ir conhecendo, compreendendo e canalizando, da maneira menos destrutiva e autodestrutiva possível.
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