Por toda parte, pairam dúvidas quanto à solidez da estrutura social em que vivemos,
um vago receio do futuro próximo, sentimentos de declínio e esgotamento da civilização.
Não se trata meramente de ansiedades das que nos assaltam na calada da noite,
quando a chama da vida queima mais baixo. São antes expectativas nascidas da reflexão,
fundadas na observação e no juízo. Os fatos são estarrecedores.
Diante dos nossos olhos, quase tudo o que fôra um dia sagrado e inabalável começa a tremer:
verdade e humanidade, razão e justiça. Vemos formas de governo que já não funcionam,
sistemas produtivos à beira do colapso. Vemos forças sociais atuando de modo frenético.
A ruidosa máquina destes tempos espantosos dá sinais de que vai enguiçar.
(Do Primeiro Capítulo de Nas sombras do amanhã de Johan Huizinga)
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