Uma onda de suicídios numa das maiores empresas francesas tem levado o país a discutir o "choque cultural" entre os valores tradicionais do funcionalismo público do país e o foco na competição adoptado após processos de privatização.
Após o 25º suicídio de um funcionário da France Télécom em apenas 20 meses, o governo francês fixou nesta semana um prazo para que grandes empresas do país adoptem medidas contra o stresse no trabalho.
Para analistas, o fenómeno é consequência do "choque cultural" que opõe a visão tradicional que era atribuída ao funcionalismo público com carácter social e as novas políticas comerciais agressivas, que privilegiam o aumento constante das vendas e da rentabilidade.
Para enfrentar a concorrência, as direcções das empresa criam planos de reestruturação que têm obrigando os funcionários a mudar de serviço, desempenhar novas funções e serem transferidos para outras áreas geográficas.
Após o 25° suicídio em menos de dois anos, além de 15 tentativas de outros empregados de pôr fim à vida, a direcção da France Télécom anunciou a suspensão de todas as reestruturações até o dia 31 de Dezembro.
Também em Portugal se começa a enveredar pelo caminho da instauração de uma competição individual. "Isso mina a solidariedade entre os colegas", como afirma Coutreau.
"Há 30 ou 40 anos, não havia suicídios no trabalho. O surgimento disto está ligado à desestruturação da solidariedade entre trabalhadores,que é esmagada pela avaliação individual dos desempenhos", diz o psicanalista Christophe Dejours, coautor do livro "Suicídio e Trabalho, o que fazer?".
Para analistas, o fenómeno é consequência desse "choque cultural" que opõe a visão tradicional que atribuía ao funcionalismo público um carácter social e as novas políticas comerciais agressivas, que privilegiam o aumento constante das vendas e da rentabilidade.
"Eles tornam-se agentes comerciais sem preparação nenhum para a actividade. O trabalho que faziam antes não era vender qualquer coisa a qualquer preço. Eles viam antes a sua função como um serviço público, algo que tinha valor para a sociedade.
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