quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Olhos nos Olhos

Primeiro os olhos, e só depois a boca, e a seguir o nariz. Quando se trata de reconhecer o rosto de alguém, é esta a hierarquia estabelecida pelo nosso cérebro para a recolha da informação. Uma especialização, afinal, para captar o máximo de informação possível com um mínimo de elementos. Ou seja, há aí um processo de diferenciação e simultaneamente de economia de meios.

Esta é a conclusão de um estudo publicado por um grupo de investigadores da Universidade de Barcelona na revista PLos Computational Biology que pretendeu verificar, justamente, quais eram os elementos essenciais para o reconhecimento de uma cara.

Muitas questões à volta das estratégias visuais do cérebro, e dos seus circuitos neuronais, são estudadas há anos e já se se sabia, por exemplo, que o cérebro usa em primeiro lugar as chamadas frequências espaciais baixas para fazer o reconhecimento facial. Ou seja, prefere o que na imagem compõe o quadro geral, por oposição às frequências espaciais altas, que representam os detalhes.

Em consequência desta estratégia, quando nos afastamos de uma pessoa (ou quando a sua imagem se afasta de nós), a primeira coisas que perdemos de vista são os detalhes (altas frequências), permanecendo a percepção das generalidades, exactamente através das baixas frequências.

"Para identificar um rosto numa imagem, o cérebro processa a informação sempre com a mesma baixa resolução, ignorando a distância à imagem e até a própria resolução da imagem", explicou o principal autor do estudo, Matthias Keil, notando que, até agora, ninguém conseguido explicar este fenómeno da preferência do cérebro pelas baixas frequências espaciais para reconhecimento de um rosto. "Foi daí que parti", adiantou o investigador.

O investigador testou também as várias "partes" do rosto como elementos de identificação e chegou à conclusão de que são os olhos que ganham aos pontos.


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