quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para Quando Deixarem-se De Truques E Olharem Para O País Real?



Quando os dirigentes políticos ainda estão confusos sobre as suas ideias após um Verão mais tórrido, costumam tirar do bolso um truque infalível.

Chama-se a isso a política do algodão-doce. Consiste sobretudo em envolver ideias sem sentido com açúcar cristalizado e colorido. Para suscitar a gulodice popular. Sócrates é especialista em algodão-doce. Mas Pedro Passos Coelho surgiu agora com a novidade da "rentrée": o algodão-doce laranja. O OGE transformou-se assim numa questão de açúcar: Passos Coelho quer menos, Sócrates quer sorvê-lo. (...)

Ao ameaçar o seu chumbo, Passos Coelho sabe que essa é uma jogada arriscada contra um Sócrates que só estima acordos enquanto eles lhe afagam o estômago. O problema é que os mercados financeiros internacionais não querem um País devedor sem OGE e Cavaco não quer instabilidade política.(...)

Ser oposição sem parecer obstrução destrutiva é um drama quase shakespeariano para o qual se verá se Passos Coelho é o actor indicado. É por saber isso que Sócrates o tenta encurralar entre uma proposta de revisão constitucional desastrosa ( ou mal explicada - digo eu) e a defesa heróica do Estado social. Se a política soubesse apenas a algodão-doce estávamos todos contentes. O problema é que alguém tem de o pagar.

Fonte:Fernando Sobral, A política do algodão-doce,J Negócios

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