... Com a acusação de que o BPN tem um problema de "administração"- Mas foi uma crítica injusta? Não -Mas foi mal feita.
À semelhança, aliás, de muitos erros que Cavaco comete quando pressionado (o seu "staff" ainda não percebeu que o Presidente tem pouco jogo de cintura?).
Vejamos: a gestão do BPN é passível de muitas críticas. A principal diz respeito ao apuramento do "buraco" do banco: dois anos depois da nacionalização, o país não sabe quando vai custar o "bail-out". É aceitável? Não. De todo.
Pese embora a dificuldade em apurar a toxicidade de muitos activos, a administração (e o Governo) já têm uma noção do custo do "bail-out". Mas usa mil e uma desculpas para chutar o problema para a frente. Era neste ponto que Cavaco Silva devia ter centrado as críticas: ao fim de dois anos, o contribuinte não sabe quanto vai pagar pela tragédia BPN (aí sim, há uma grande diferenca entre Portugal e Inglaterra). Se o tivesse feito, teria justamente puxado as orelhas à gestão do banco e ao Governo (que esconde o problema com receio da opinião pública e para não agravar o défice orçamental).
Ao criticar desastradamente, Cavaco criou três problemas: aumentou as dúvidas sobre a segurança do banco; deixou passar a ideia de estar a poupar a ruinosa gestão anterior, deixa aproveitada pelo Governo ; e criou as condições para o Governo desviar as atenções do verdadeiro problema. Nomeadamente dos 500 milhões que tem de lá meter, da incapacidade para vender o BPN e do custo do "bail-out" para o contribuinte. Em suma, um desastre.
Fonte: Camilo Lourenço, Jornal de Negócios
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