À volta de um mestre tinha-se ido formando um círculo de intelectuais e eruditos. O mestre quase nunca falava, mas os discípulos não paravam de falar de bisbilhotar e de se perder em todo o género de opiniões e pontos de vista. Durante horas, distraíram-se com todo o tipo de hipóteses e conjecturas metafísicas e em abstracções filosóficas. Todos falavam e ninguém prestava atenção aos outros, apegados às suas opiniões. Certo dia, o mestre disse:
- São como lavadeiras.
- Lavadeiras? - perguntaram perplexos. - Não percebemos o que é que temos a ver com lavadeiras.
- As lavadeiras - explicou o mestre - têm muita roupa, mas vêm os proprietários da mesma, levam-na e elas ficam sem nada. Vocês têm muitas opiniões tiradas dos livros, de textos e de filósofos ... mas nada vos pertence. Estão vazios. Continuam a especular, mas assim não vão obter nem uma grama de sabedoria e continuarão a ser como lavadeiras.
O conhecimento é informação, dados, opiniões reunidas; a sabedoria é conhecimento vivido, experiência, compreensão clara, entendimento livre de juízos e preconceitos.O conhecimento é superficial, parcial e condicionado; a sabedoria vê no modo final de ser das coisas e liberta-se dos conhecimentos produzidos por modelos, padrões, esquemas e preconceitos.
Ramiro Calle
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