É uma luz semi-negra, aquela que me invade a alma.
Peço a mim próprio para esperar. Esta não será ainda a altura certa para avançar. Convenço-me de que tenho razão. Digo, repito incessantemente: a luz há-de clarear. Um dia. Um dia!
A luz não é negra, mas falta-lhe ainda a luminosidade suficiente para me permitir ver o caminho com precisão. (...)
Cinzenta. É cinzenta a luz que me fixa o olhar neste momento. Uma luz de indecisão. De entorpecimento de músculos. Vou para todo o lado, mas não sei se avance [não sei para onde, como e em que direcção ].
Preto ou branco? O cinzento. Sem dúvida o cinzento. E o perigo? O perigo é que (...) possa escurecer ainda mais. E talvez aquele «um dia» se traduza em escuridão, em vez de clareza.
Arrisco. Venha de lá a luz. Cinzenta ou não. É luz.
Fonte: Olhar de João Sousa (adaptação) a pensar num outro João
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