Ó tristêsa das Cousas, quando é noite
Na terra e em nosso espirito!... Tristêsa
Que se anuncia em vultos de arvoredos,
Em rochas diluidas na penumbra
E soluços de vento perpassando
Na tenebrosa lividez do céu...
Ó tristêsa das Cousas! Noite morta!
Pavor! Desolação! Escura noite!
Phantastica Paisagem,
Desde o soturno espaço á fria terra
Toda vestida em sombra de amargura!
Êrma noite fechada! Nem um leve
Riso vago de estrela se adivinha...
Sómente as grossas lagrimas da chuva
Escorrem pela face do Silencio...
Repára bem na lugubre tristêsa
Da nossa velha casa abandonada
Ah, como as portas gemem e o beiraes
Têm soluços de vento...
Lá fóra, no terreiro onde brincavas,
A noite escura chora...
Ó minha alma,
Embebe-te na dôr das Cousas êrmas;
Chora tambem, consome-te, soluça.
Teixeira de Pascoaes
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