Era um jovem que estudara toda a espécie de livros e indagara sobre as mais diversas filosofias. Não encontrava o sentido da existência. Embora o seu mentor lhe tivesse dito que a razão não era suficiente e que a filosofia, sem meditação e sem uma mudança nas atitudes, eram letra morta, o jovem perdia-se em abstracções metafísicas e recusava-se a fazer as práticas espirituais. Continuava a acreditar que podia resolver tudo mediante a análise filosófica e a investigação intelectual. Certo dia, atormentado, foi visitar o seu mentor e perguntou-lhe :
- A vida faz algum sentido?
O mestre respondeu:
- As acácias ficam vermelhas, as nuvens tingem-se de verde e os rios são de leite.
- Mas eu perguntei-lhe se a vida faz sentido ?
- A chuva cai para cima, os olhos falam, os lábios olham, o sal sabe a doce e a rosa cheira a bosta de vaca.
Irritado, o jovem gritou :
- Tudo o que dizes é um sem-sentido !
O mestre respondeu :
- Enquanto não perceberes os sem-sentidos, não poderás compreender o sentido.
Há que provocar a visão igualadora, isto é, aquela que é capaz de ver os lados e os seus opostos, conciliando-os com a percepção de unidade, já que, embora o pêndulo oscile de um lado para o outro, a vareta que o sustenta é uma. Para além do sentido e do sem-sentido aparentes, está o Sentido.(Ramiro Calle)
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