Cada um “partilha” aquilo que normalmente gasta: alegria, se a vida lhe sorri; mau ambiente, se os seus fígados se neguem a deixarem de ser maus trastes; felicidade, se a esperança alimenta as suas utopias; esperança, se as pessoas e os sinais dos tempos são inflados por bons ventos, etc. Partilhar é uma arte que, dum modo geral, todos têm, mas que - dum modo geral, também - muita gente esbanja sem proveito. (...)
Falando dos tempos que correm, parece-me ver, no lilás da distância, um fantasma que está a dar aos dias da nossa história o ar macabro da falta de esperança convertida em falta de tudo o que de melhor podemos ter. “Na casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. É isto, hoje, Portugal, Espanha, Grécia e muitos outros canteiros do jardim europeu só vêem o brilhar das estrelas quando se aproxima uma final dum campeonato europeu. E, no meio deste desconchavo, com a aparência de profetas da esperança, há os falaciosos da esperança impossível que traduzem o seu azedume em atitudes políticas muito fundamentadas em evoluções pessoais psicoafectivas, ou seja, em pessoas muito carenciadas, frustradas e frustrantes. Na política, o alfobre destas aves de mau agoiro é vastíssimo.
Portanto, “partilhar só enriquece” quando partilhamos o que enriquece e não o que acarreta mais pobreza, material e moral. Faço votos para que os cidadãos entre si e todos os políticos mais da berra “berrem” menos e tirem mais da boca aquilo de que tantos “estômagos” estão carecidos e famélicos. Portugal, a Europa e o Homem nasceram para darem “novos mundos ao mundo” e não para serem aves de mau agouro a anunciarem uma nova incarnação muito cinzenta.
Pe. Álvaro Teixeira
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