Fizemos um longo percurso para nos tornarmos mais europeus e acabamos a viver mais divididos e com nacionalismos perigosos. E para que um dia nos possamos ver livres deles outra vez, convém que não comecemos a fazer distinções entre nacionalistas. É preciso repetir à exaustão que se o Syriza representa a vontade do povo grego, também os Verdadeiros Finlandeses, o partido xenófobo na Dinamarca ou a Frente Nacional em França só existem com o voto livre dos seus povos. Ninguém se pode convencer de que os de esquerda são bons e os de direita são maus, porque eles conduzem-nos todos para o mesmo sítio, para um acantonamento que nos afasta dos outros e os outros de nós.
Como era previsível, pela Europa fora já se fala de referendos a pôr em causa a moeda única e mesmo a União. Aqui chegados, ninguém faz campanha pela solidariedade europeia, todos olham para o seu cantinho. E como damos tudo por adquirido, julgamos que a democracia só nos traz a bonança e a solidariedade e ficamos surpreendidos quando ela produz austeridade e recessão, alimentando todos os egoísmos nacionalistas. Solidariedade é pin que se coloca na lapela para a exigir dos outros.
O "problema" é que na Europa só há democracias e nas democracias há eleições, com cidadãos que só querem saber da sua própria vida. Bem pretendiam que fôssemos todos cidadãos europeus, com um mercado único, liberdade de capitais e até o espaço Schengen.
Nunca chegamos a ser cidadãos europeus porque nunca houve um verdadeiro aprofundamento da união política.
Excertos "Maldita" democracia, Paulo Baldaia, DN
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