Que deve Passos fazer? Outro tipo de discursos, dirão aqueles que não apreciaram a longa divagação do Pontal. Certamente. Formar uma equipa que possa protagonizar debates sobre grandes temas? Também. Tudo isso é importante, mas nada valerá a pena, se não houver uma visão muito clara do que o momento exige. E o que o momento exige não é “optimismo”, só para não parecer pessimista, nem “falar do futuro”, só para não parecer agarrado ao passado. É outra coisa: é criar as condições políticas e sociais de um esforço reformista que permita ao país escapar ordenadamente deste ciclo descendente de bancarrotas e de ajustamentos. Porque Portugal, cada vez mais estagnado e numa Europa cada vez mais instável, vai acabar por sair deste ciclo. Pode é não ser ordenadamente, nem para uma situação melhor. O ponto de partida de Passos Coelho tem de ser este: nada já é como dantes, e nada vai ser como dantes.
Fonte: 'A maldita sorte de Passos Coelho', Rui Ramos
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