O que é que se sabe neste momento? Sabe-se que uma lei foi feita à medida do seu principal beneficiário, António Domingues, e sob a supervisão dos seus advogados. Sabe-se também que contratar bons gestores para a banca é incompatível com as mais elementares regras de transparência. Na SIC Notícias, ouvimos ainda António Lobo Xavier, fiscalista insigne da nossa praça e futuro vice-presidente do BPI, considerar que isto tudo “é perfeitamente compreensível e que não é passível de nenhuma censura política”.
A forma como pessoas como Lobo Xavier falam deste caso e como os partidos da oposição dedicam as suas baterias à mentira e não à lei encomendada mostra que todos têm telhados de vidro e que esta privatização da legislação é comum. Há décadas que se denuncia a forma como o interesse público está capturado por (alguns) interesses privados e as nossas elites não têm vergonha de vir para a televisão dizer que é perfeitamente compreensível que as leis da República sejam redigidas por escritórios de advogados em representação dos seus principais beneficiados. Foi nisto que se tornou a elite portuguesa. Uma oligarquia extractiva que acha que Portugal tudo lhe deve, incluindo leis feitas à medida das suas necessidades
Luís Aguiar-Conraria, OBSR
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