Opinião: Bruno Carapinha |
De que serve afinal assumir a responsabilidade política? De que modo se traduz tal coisa? Quando a assimetria do massacre da máquina tributária fica desta forma exposta, sem consequência para quem a decreta; quando ela se cruza com o BES e o nó górdio de outros processos de tráfico de influência e de corrupção, todo o regime fica sob suspeita.
É verdade que casos destes existiram em todas as épocas recentes da nossa democracia. Mas a revelação simultânea de tantos episódios, a falta de mudança das condições para evitar a sua repetição, a queda acelerada da elite económica e política e a ausência de consequências visíveis, são pasto fácil para uma crise de confiança nas instituições. Num país em que o sentimento de impunidade se dissemina, uma pessoa honesta começa a sentir-se idiota.
A indignação generalizada na população sem catalisador não parece grande ameaça. Estamos aliás serenados sobre a ausência de populismos em Portugal. Mas este conforto pode ser enganador.
Numa sociedade que permanece tão desigual, quanto tempo aguenta um regime político sob permanente suspeita? [ Eis a questão!]
(continuar a ler)
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