Sim, as frases que hão-de salvar a humanidade estão há muito escritas, o mundo já cá estava e irá continuar, e de nada vale aguardar pelo ungido que faça jorrar leite e mel. Aquilo que qualquer um deve fazer, até por termos o privilégio de viver em democracia, é manter a lucidez que permite separar, como escrevi no sábado, os políticos decentes dos indecentes, e votar de acordo com isso. Essa é a nossa limitada forma de salvar a humanidade, e foi o que aconteceu no domingo em França.
O programa higiénico venceu, e isso chega para nos regozijarmos, sem que para tal seja necessário acender uma vela pela vinda de um Super-Macron tricolor.
É, aliás, impossível saber neste momento se Macron estará à altura dos enormes desafios que tem pela frente. Mas isto sabemos: Marine Le Pen não estaria.
A diferença que tanto nos perturba em relação ao passado é que, até há bem pouco tempo, as escolhas nos países ocidentais eram ideologicamente limitadas, compostas por meras alternâncias ao centro. Esse mundo, de facto, acabou.
Em vez de centro-esquerda e centro-direita, estamos a escolher entre ideologias democráticas, liberais e abertas e ideologias autoritárias, iliberais e fechadas. Felizmente, no domingo venceu a razão, a lucidez e a coerência. Enquanto assim for, não necessitamos nem de messias, nem de super-homens. Apenas de gente decente, capaz de enfrentar Le Pen, Trump ou Putin. Gente como Emmanuel Macron.
(excertos do artigo de João Miguel Tavares no Público)
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