terça-feira, 22 de agosto de 2017

A Perversidade Humana Não Tem Fronteiras Nem Prazos, Mas a Bondade Também Não

  
Fernando Álvarez fez sozinho o seu minuto de silêncio na prancha, antes de se atirar para a água, e perdeu aquela competição desportiva, mas humanamente ganhou em toda a linha. Ele e nós. Ganhamos com o seu exemplo em coragem para fazermos a diferença, em liberdade interior para agirmos em contra-corrente, em segurança para não desistirmos, em confiança para não nos deixarmos abater, em discernimento para não trocarmos as prioridades, e em atenção para nunca nos fazermos indiferentes.

Harry Athwal, o cidadão britânico que permaneceu ajoelhado no chão ao lado do rapazinho australiano em agonia, foi outro que deu um testemunho admirável de coragem e humanidade. Julian Cadman, o rapazinho em estertor acabaria por morrer, mas não morreu sozinho porque Harry Athwal se recusou a deixá-lo.

Todos os dias há más notícias e é impossível viver sem nos interrogarmos. Muitas dúvidas e inquietações ficam sem resposta e a angústia cresce, daninha, de dia para dia. O sentimento de vulnerabilidade aumenta exponencialmente e a sensação de impotência perante certos acontecimentos também se agrava
Mesmo sem sabermos exactamente como orientar as novas gerações, é importante ter muito presente que a influência imediata do comportamento é sempre mais eficaz do que as palavras, como escreveu Viktor E. Frankl, no seu livro O Homem em Busca de um Sentido. O exemplo certo é sempre mais eficaz do que as palavras alguma vez podem ser, mas não nos podemos esquecer que o mesmo acontece com o exemplo errado. O bem e o mal são igualmente contagiantes, ainda que o bem seja incrivelmente mais luminoso. A perversidade humana não tem fronteiras nem prazos, mas a bondade também não.
Fonte: Laurinda Alves,OBSR 

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