Os governos é como as marés: vão e vêm. Nascem, estão, partem e vêm novas marés. Mas o embaraço, não. O embaraço constrangido que determinadas governações podem causar, fica. Um dia, daqui a muito ou pouco tempo – é irrelevante para o que me traz – a geringonça desconjunta-se-á, mas aquilo que nos constrangeu, envergonhou ou embaraçou, permanecerá, temo bem, impresso nas mentalidades e no ar do país. Não me refiro a medidas, prioridades ou escolhas que competem a quem governa, mesmo não tendo sido eleito para tal. Refiro-me a uma certa , como dizer?, cultura do modo como se está na política e do modo como ela se pratica. Um misto de leveza e manha, de “tudo nos é permitido” e vale tudo. Da manipulação encenada a partir do palco do poder para a plateia de patetas onde quem não é da geringonça, é suposto estar sentado.
Maria João Avillez, OBSR
Sem comentários:
Enviar um comentário