Portugal acabou com o ensino tecnológico e profissional, que é de elevada importância para o seu desenvolvimento. Este deve, contudo, ser uma aposta imediata.
O crescimento económico que hoje se verifica em Portugal encontrou um inesperado obstáculo: a falta de capital humano. Apesar do desemprego elevado, as empresas deparam-se com uma escassez de recursos humanos adequados às suas necessidades. (...)
Falo de uma grande escassez de técnicos profissionais, como soldadores, serralheiros, operadores de máquinas, e inclusive indiferenciados, que com formação dada pelas empresas podem desenvolver a sua carreira com sucesso. Ora este cenário põe em causa a viabilidade de investimentos estruturantes, ameaça o crescimento do volume de negócios das empresas, coloca em risco a modernização tecnológica do tecido produtivo e impede o aumento da produtividade e competitividade do País.
De resto, a nossa economia está entre as que apresentam um maior desequilíbrio de competências. Na 5.ª edição do Hays Global Skills Index 2016, Portugal é apontado como o quarto país, entre 33 economias globais, com o maior desfasamento entre as competências dos recursos humanos disponíveis e as necessidades de qualificação profissional das empresas. (...)
Ora, isto exige o combate ao abandono escolar precoce, a dinamização do ensino tecnológico e profissional, a expansão da formação para adultos, o incremento da reconversão profissional de licenciados, o incentivo à qualificação dentro das empresas e o reforço das áreas tecnológicas no ensino superior.(...)
Com grande falta de visão estratégica, Portugal acabou com o ensino tecnológico e profissional, que é de elevada importância para o seu desenvolvimento por alimentar o tecido operativo e fornecer aos estudantes formação técnica especializada, com uma forte vocação profissionalizante e muito orientada para as empresas. Este tipo de ensino deve, pois, ser uma aposta imediata.(...)
Desafio o país a pensar este tema de forma estratégica e estruturante, tendo em consideração a importância do mesmo, nomeadamente porque este será um dos grandes entraves à expansão e ao crescimento económico nacional das próximas décadas.
Fonte:Adelino Costa Matos, JE
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