Como não têm sido desde que foi apeado do Governo pelos acordos de Costa
com o BE, o PCP e o PEV para conquistar a oportunidade de o PS governar.
É provável que a contestação a Passos permaneça ou se intensifique,
sobretudo se for negativa a leitura nacional das autárquicas.
O próprio Passos já reafirmou que permanecerá à frente do
partido e garantiu que quer disputar a liderança no início do ano, para
momento”. Se quer um candidato credível a primeiro-ministro em 2019, a
partir de segunda-feira Passos terá de mudar a estratégia e redefinir um
projecto de poder. Não chega fazer um discurso despeitado e muito menos
manter como mensagem a ideia de que se tivesse podido continuar a sua
trajectória de governação o país estaria melhor. Na política, como na história,
não há “ses”.Cabe ao PSD cumprir o seu papel histórico no sistema político
português, ser um partido de poder, disputar o Governo e contribuir, mesmo
na oposição, para viabilizar soluções de longo prazo para o país. E se até
2019 não é expectável que o tipo de solução parlamentar que apoia o
Governo se modifique, tudo indica que, depois das legislativas, muito
dificilmente se repetirá um acordo do mesmo tipo entre PS, BE e PCP. Por
muito que Costa o deseje, os sinais dados por Catarina Martins e por
Jerónimo de Sousa vão em sentido contrário. Há um factor que obriga o PSD
— e Passos se este permanecer na liderança — a construir uma estratégia de poder, um
discurso e um projecto político compatíveis com a realidade. Chama-se
actualidade. O país não é hoje o mesmo de 2015, quando Passos deixou o
Governo — ainda que seja obrigatório reconhecer o seu papel na baixa do
défice, o que o torna num dos principais vencedores da superação da crise.
Por isso, Passos — se continuar como presidente do partido — terá
obrigatoriamente de mudar o chip depois de amanhã. Abandonar o despeito
que o tem consumido estes dois anos e começar a construir um novo proje
cto para o PSD apresentar ao país. Sem perder coerência, é evidente. Isso
obriga-o a digerir o passado. Caso contrário, continuará a arrastar-se como
um fantasma, mesmo que se mantenha à frente do partido até 2019. O PSD
tem que estar aqui e agora.
(Excertos do artigo de São José Almeida, Público)
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