Vivemos tempos de desinteresse: pelo bem comum, pela causa pública e pelo primado comunitário. O individualismo e o egoísmo, ainda que vividos em colectivo, potenciam ao limite o afastamento dos cidadãos da política e dos seus actores. Com a excepção primordial da solidariedade com a tragédia e o drama. (...)
Temos um povo sensível aos direitos adquiridos e às desigualdades crescentes. Reage-se e age-se, porém, no limite do abismo.(...)
A criação de redes alternativas às corporações instaladas é superior à inacção do passado mas não consegue lutar eficazmente contra os paradigmas enraizados.
O distanciamento generalizado converte-se as mais das vezes em desistência: os poderes da administração pública dificultam, o funcionamento judicial desespera, as burocracias e as incompetências frustram, as barreiras à mobilidade e à ascensão fora das influências da praxe esmorecem, as diferenças de acesso e ascensão entre o litoral e o interior conformam. O desapego instalou-se.
Esta cultura de desinteresse propagou-se às elites políticas.
Não fôra esta patologia, estou certo que o combate político em curso para a liderança do PSD, entre Rui Rio e Santana Lopes – numa espécie de “segunda vida” para ambos –, seria uma grande oportunidade de aproximação para muitos à política.
António Costa aproveitou o desafio a Seguro para abrir o partido .
Se Rio e Santana não almejarem nem conseguirem essa abertura, ambicionar o lugar de Costa tornar-se-á mais difícil. Em suma: se não abrirem de dentro para fora e não combaterem a modorra no (chamado) centro-direita, fica mais inverosímil o sucesso das ideias.
Ricardo Costa, Ji
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