quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Há Uma Estranheza, Um Vento Que Sopra Desconhecido, Um Inconforto, Uma Colecção De Irresponsabilidades

Há uma estranheza. Um vento desconhecido. Um inconforto que se confunde com vergonha. Uma colecção de irresponsabilidades políticas, desmazelos estatais, actos de irracionalidade. É uma sensação pouco definível mesmo para quem lida com as palavras. Que vento é este que sopra?

- O país parece capturado pela sua própria incapacidade de travar a roda da irracionalidade. (...)

- É como se estivéssemos diante de um escaparate onde se misturam comportamentos insólitos, propósitos irresponsáveis, gestos disfuncionais .(...)

- O balanço é malsão: de um lado, quem interessa e quem conta para o trio político que diz governar-nos; do outro, um país deixado de fora das prioridades, das escolhas e das atenções do terceto político em causa. (...)

- Começam a ser inquietantes as “descobertas” de algumas decisões obscuras da governação. Como a última conhecida e não desmentida, assinada pelo futuro ou ex-futuro líder do Eurogrupo (tão depressa Centeno vai como não vai, processo bizarro, que se ressuscita ou se enterra conforme é conveniente puxar ou não pelos galões do sempre risonho titular das Finanças). Rezam porém as notícias que Centeno guardou a sete chaves os milhões deixados por Paulo Macedo para modernizar o IPO, preferindo para eles destino eleitoralmente mais propício et pour cause-me para que cativas, dir-te-ei quem és, e deste adágio não se livra o ministro, tão eloquente ele é (o adágio). (...) Os prejuízos estão já aliás devidamente contabilizados. Só não são maiores ainda porque para matar a fome de despesa da esquerda radical, justamente se “cativa”. Cativa-se em detrimento de prioridades sérias e escolhas imperativas como seria cuidar do IPO. Cativa-se porque facilita a vida, cativa-se para financiar a colecção de exigências de um acordo político ruinoso.

 O pior não é “isto”.Não é haver muito país afogado em selfies e afectos, celebrando a geringonça e os seus feitos , festejando quase com lágrimas de felicidade a dupla Costa/Marcelo tão “culta”, “aberta”, “simpática”, “próxima”. É lá com eles (e com os filhos que pagarão a conta dos feitos e afectos). O que me confunde é o tão espesso silêncio do que sobra do mundo que não cabe nesse país.

(Tópicos do artigo de Maria João Avillez no OBSR - leiam e meditem)

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