Presidente da República no dia 20 de Novembro, citado pelo Público: “A crise deixou marcas profundas, é uma ilusão achar que é possível voltar ao ponto em que nos encontrávamos antes da crise – isso não há!(…) A segunda ilusão é achar que se pode olhar para os tempos pós-crise da mesma forma que se olhava antes [para os problemas], como se não tivesse havido crise. A crise deixou traços profundos e temos de olhar para eles”.
Primeiro-ministro dia 21 de Novembro: “A ilusão de que é possível tudo para todos já não existe isso” e “se queremos investir mais na qualidade da educação, na qualidade do sistema de saúde e nos serviços públicos não podemos consumir todos os recursos disponíveis com quem trabalha no Estado”.
Repare-se que há expressões quase iguais. Um diz “isso não há”, o outro diz “não existe isso”. Concertados ou não, pouco importa.
Repare-se que há expressões quase iguais. Um diz “isso não há”, o outro diz “não existe isso”. Concertados ou não, pouco importa.
O que importa é que entrámos numa nova fase em que afinal há escolhas difíceis, em que o mundo não se divide entre os bons que nos aumentam o rendimento e os maus que nos tiram rendimento.
Temos todas as razões para estarmos satisfeitos. Passou a era do ilusionismo e entrámos na era do realismo. Um e outro ditados pela política enquanto arte conquistar e manter o poder.
Foi preciso sermos confrontados com a revindicação dos professores para ouvir o Governo dizer, implicitamente, que não há dinheiro, que não podemos ter ilusões. Antes tarde do que nunca, especialmente porque o caminho que estávamos a seguir nos condenaria, mais cedo ou mais tarde, ao desastre.
Esta nova via dá-nos mais garantias mas continuamos no fio da navalha. Porque é preciso escolher um caminho que faça a mudança que nos levou para os braços da troika. E isso, este Governo pode não ter condições políticas, nem vontade, para o fazer.
(excertos do artigo de Helena Garrido, hoje no OBSR)
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