A partir do momento em que Draghi sinalizar o fim de uma era de estímulos sem precedentes, o aperto do cinto em Frankfurt vai chegar rapidamente ao bolso dos portugueses, com o mercado antecipar-se a um novo enquadramento monetário na região. Quando?
Em relação às famílias, o mais provável é que se venha a assistir a uma subida das taxas Euribor — que estão associadas a grande parte dos empréstimos dos bancos — já na segunda metade deste ano, antecipam Rui Serra e Filipe Garcia, economistas do Montepio e da IMF – Informação de Mercados Financeiros.
“Quando as Euribor começarem a subir, vai sentir-se o impacto nas prestações dos créditos indexados a taxas variáveis. Não esperamos nem subidas rápidas nem muito pronunciadas, mas será sempre um desafio crescente para as famílias porque irá afetar uma parte do rendimento familiar“, explica Filipe Garcia. Isto ajuda a explicar porque razão o Banco de Portugal e o próprio Presidente da República têm vindo alertar para um novo aumento do crédito às famílias: daqui para a frente as condições vão agravar-se e as prestações ao banco vão aumentar a expensas de um orçamento familiar mais reduzido. Déjà vu?
Rui Serra concorda com a análise de Filipe Garcia, mas dá o outro lado da moeda: “Se a subida das taxas é negativa para as famílias endividadas, ela também é positiva para as famílias com depósitos e outras aplicações com rendimento indexado às taxas de juro, dado passarem a ter maiores rendimentos de capitais (algo que também irá beneficiar o Estado em termos de impostos arrecadados).”
“Para as empresas, o fenómeno é semelhante, mas só em parte” (ler aqui)
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