O primeiro-ministro está valorizadíssimo por se encontrar na confluência onde desaguam as esquerdas e as direitas e decidiu utilizar esse ativo, mas não para governar. Preferiu gerir em benefício próprio a sua cotação de mercado junto dos partidos políticos, das forças sociais, do Presidente Marcelo e, sobretudo, dos portugueses que o têm como o referencial de equilíbrio.
Sentado na sua cadeira de sonho, Costa tem hoje o PS totalmente domesticado, conta com o beneplácito de Marcelo e tem o apoio do Bloco e do PCP, que se limitam a rosnar para obter uns cobres para os seus clientes em troca da estabilidade política e da paz social. Ainda por cima tocou-lhe agora um PSD mais disponível para um diálogo construtivo e patriótico, o que lhe permite uma gestão quase completa do leque político. Sobra o CDS de Cristas, que aproveita para se afirmar.
Com uma conjuntura tão boa, outro primeiro-ministro aproveitaria para fazer coisas verdadeiramente importantes e necessárias, como mandar o Estado pagar a tempo a quem deve para diminuir o valor das faturas, que são sempre agravadas por quem tem de esperar mais de um ano para receber. Poderia ainda tentar salvar o Serviço Nacional de Saúde, melhorar a qualidade da segurança social, suprir as falhas da justiça, diminuir a poluição, tentar mudar o sistema político ou investir na dessalinização para evitar a seca que nos vai matar. Mas não. Costa prefere ir falando com este e com aquele e esperar que chova muito…
( excertos do artigo de Eduardo Oliveira e Silva, Ji)
Sem comentários:
Enviar um comentário