sábado, 16 de junho de 2018

A Ideia E A Proposta Peregrina: O Busdestag Decidiu Acabar Com O Grupo Amizade Alemanha-Portugal E Propor O Grupo De Amizade Alemanha- Península Ibérica

O Bundestag (por razões orçamentais) decidiu acabar com o grupo de amizade Alemanha-Portugal. Mas para poupar esforços e talvez como prémio de consolação lembrou--se de amalgamar Portugal e Espanha, não para propor um ménage à trois mas para que constituíssem uma nova entidade, a Península Ibérica, com a qual a Alemanha, a grande Alemanha, passasse a formar um novo "casal amigo": o grupo de amizade Alemanha-Península Ibérica.

A ideia e a proposta são peregrinas. Que as multinacionais nos tratem com os pés, pondo em Madrid a cabeça dos seus negócios para a Península, ainda vamos, porque, enfim, a economia é a economia; agora haver um Estado da União Europeia que, para acertar contas, junte politicamente aquilo que tanto nos custou a separar é já extraordinário. 

sto acontece precisamente no ano em que comemoramos - ou que deveríamos comemorar - 350 anos sobre a confirmação definitiva da restauração da independência, quando a 13 de fevereiro de 1668, após cerca de 28 anos de luta, o Tratado de Lisboa veio pôr fim às hostilidades "ibéricas" da guerra da Restauração.

Ao contrário do que às vezes se pretende, a invasão e conquista de Portugal em 1580 pelas tropas de Filipe II não foi um passeio militar. Rafael Valladares, historiador espanhol, demonstra-o (ler aqui).

Portugal pagou caro o domínio dos Habsburgo de Madrid: os inimigos de Espanha - ingleses, franceses e sobretudo holandeses - tornaram-se inimigos de Portugal e assaltaram-nos o império. (...) Além disso, o melhor da nossa Armada foi afundado nos Gravelines, na derrota da Invencível Armada comandada pelo incompetente Alonso Pérez de Guzmán, duque de Medina Sidonia.(...)

Seria bom, nestes 350 anos do fim da Guerra da Restauração, que se lembrassem estes factos. Porque não fazer uma pequena publicação traduzida em alemão para oferecer aos parlamentares do Bundestag, explicando-lhes que Portugal derramou muito sangue, próprio e do inimigo, para não ser "ibérico"? E que não será agora, para poupar uns euros a Berlim e para fins de "amizade", que vai passar a sê-lo.

(excertos do artigo de Jaime Nogueira Pinto, hoje no DN)

Sem comentários: