Verdade é que a desconfiança aumenta. Com a ideia de que estamos a proteger os dados, corre-se o risco de passar ao lado do essencial. Na verdade, aquilo de que deveria tratar-se era de proteger os cidadãos. Evidentemente, uma coisa leva à outra e vice-versa. Mas é mais interessante colocar a tónica no cidadão. É por ele que se devem proteger os dados. Não o contrário.
Dá para pensar no que acontece ou pode acontecer cada vez que num comércio o funcionário diz, com ar desolado, "Pode por favor digitar outra vez o seu PIN? É que houve uma anomalia...". Com que direito, com que autorização, um serviço fornece os dados pessoais de uma conta bancária? Compreender-se-ia, provavelmente, que esses serviços dissessem ao comerciante que aquele cliente, naquele momento, tinha saldo para cobrir aquela quantia. Mas desvendar os movimentos, os saldos, as entidades que pagaram ou receberam, com datas e montantes, tanto do serviço de multibanco como da conta bancária... Não lembra ao diabo!
Os bancos sabem o que se passa? Como se defendem? As autoridades reguladoras e outras conhecem estes mecanismos? E permitem? A Comissão Nacional de Protecção de Dados está ao corrente desta situação? Fez alguma coisa? A União Europeia e o BCE sabem e permitem? Nos outros países europeus também é assim? Os nossos governantes e os deputados sabem disto? E aceitam? E não se importam?
(excertos do artigo de António Barreto, hoje no DN)
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