Pelas filas alinhadas em plena Praça só circula o assunto do momento, a intriga política, a preocupação com o poder. Não existem globalistas nem nacionalistas, não existem preocupações com a certificação das instituições políticas nem com a resiliência das instâncias económicas, não existe a consciência de que as vozes na Praça do Município não falam a língua da Mouraria, pois a língua da Mouraria é hoje a expressão franca e cosmopolita de um mundo global. E os nativos da Mouraria não entendem o que se passa no dia em que se deve ser patriota. Os hábitos, os costumes, os modos de vida, a história, a cultura, o sentimento de pertença a um lugar, de pertença a uma comunidade de destino, tudo se dissipa na Baixa Pombalina e não chega ao dia em que se celebra a República. Será possível um patriotismo em que não se celebra a política da pertença?
O patriotismo da ética republicana é insípido, monótono e enfadonho porque superficial, falso e refém do politicamente correcto. Declarações vagas sobre a tolerância e a diversidade são peças estafadas de um enredo cansado. Para o benefício da modernidade europeísta dos portugueses, em vez dos discursos que aplicam literalmente a filosofia política de John Lennon na canção Imagine, celebre-se a República com um grande concerto virtual por toda a metrópole de Lisboa e a perder de vista no Portugal global.
(Excertos do artigo de Carlos Matos de Almeida, ECO)
Nota: LER: Um Azeredo a voar e dois Tancos na mão
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