Os efeitos colaterais das greves
Em que estação do ano estamos? Se disserem Inverno, enganam-se redondamente.
A estação do ano em que estamos é o primeiro trimestre pré-eleitoral. Temos, ao todo, três pela frente, portanto imaginem o que aí vem a seguir.
Todas as semanas são publicadas notícias airosas sobre as boas intenções do Governo para com os funcionários do Estado - desde a antecipação das reformas até a aumentos garantidos em 2020, convenientemente anunciados para depois das eleições legislativas.
Diversos ministros compram resmas de maquilhagem que aplicam indiscriminadamente para tapar os diversos buracos e para tentarem melhorar o visual. Pelo meio de tanta promessa, há, no entanto, um contratempo. O PCP quer negociar com as armas que tem à mão - que, como se sabe têm o seu expoente nas greves que vão sendo realizadas e anunciadas. O que aconteceu de mais curioso nestes últimos dias foi a coincidência entre o incrementar do ciclo grevista por sindicatos do universo CGTP e o surgimento de notícias sobre actos de gestão suspeitos em autarquias dirigidas pelo PCP. Este é um dado novo - não a ocorrência de moscambilhas, mas o seu anúncio público, a sua divulgação, metódica, precisa, a conta-gotas, a deixar alastrar suspeitas.
É uma espécie de aviso: se continuarem a encravar o futuro da geringonça, alguém põe a boca no trombone sobre o que foi acontecendo ao longo dos tempos e que esteve guardado para os malfeitores de direita não se aproveitarem. Cabe aos guardiões do poder da esquerda gerirem o ritmo das revelações. E, se bem conhecemos a espécie, hão-de estar cheios de sumarenta investigação. Caiu o manto diáfano da fantasia que garantia que, no universo do PCP, não há nada de reprovável.
Aos poucos, a verdade vai vindo ao de cima. Aposto que ainda surgirá com maior intensidade se as greves continuarem a aumentar. São estes os efeitos colaterais das greves. Há um odor a podridão no ar. Por todo o lado.
Manuel Falcão, JNegócios
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