sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Mais Uns Anos E Ninguém Distinguirá Portugal De Uma Qualquer Autocracia Da Ásia Central

Mais uns anos e ninguém distinguirá Portugal de uma qualquer autocracia da Ásia Central: um país maioritariamente miserável com uma fachada de luxo na capital onde a elite pode fingir viver num país desenvolvido e os políticos podem mostrar um simulacro de país desenvolvido a quem o visita. (Carlos Guimarães Pinto, ECO)

Na mesma semana em que se soube que maternidade de Castelo Branco está em risco de fechar, ficamos também a saber que está a ser planeado já para esta legislatura algo que o país suspirava há muito: um pavilhão do gelo em Lisboa.

O leitor medianamente informado certamente não saberá o que é um pavilhão do gelo – eu também não – mas tendo sido anunciado num encontro com a Federão Portuguesa de Desportos de inverno, provavelmente é um espaço para praticar todos aqueles desportos pelos quais Portugal é sobejamente reconhecido lá fora como o ski alpino ou o curling. Uma espécie de um frigorífico em ponto grande cujo consumo energético certamente passará no Estudo de Impacto Ambiental de uma organização ambientalista contratada para o efeito. Qualquer português olha para o estado da saúde, da educação e para a carga fiscal e a primeira coisa que pensa é na necessidade urgente de ter um sítio para praticar hóquei no gelo em julho.

Em defesa do Governo, provavelmente esta será só mais uma promessa inconsequente feita para enganar papalvos, desta vez os papalvos da Federação de Desportos de inverno que trataram de recompensar a aldrabice com o prémio de “Personalidade do Ano” ao secretário de Estado que fez a promessa. A acontecer seria mais uma evidência de um Governo cada vez mais focado em construir uma realidade paralela na capital, enquanto o resto do país sofre com falta de serviços básicos.

O Município de Lisboa gasta mais dinheiro do que sete municípios com o triplo dos habitantes e uma área 10 vezes maior. Não é surpreendente: a concentração de poder político em Lisboa atrai o poder económico, alimentando um ciclo vicioso de centralismo, que depois gera todo um conjunto de receitas municipais.

(excertos do artigo de CGP, no ECO)

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