O Orçamento do Estado é o contrário do que devia ser um documento que regulamenta como se gastam os dinheiros da nação. Devia ser transparente e é opaco - pelos vistos, há verbas escondidas, e não são pequenas, para serem usadas e outros indicadores, como a verba para despesas imprevistas, a célebre "almofada", que não se vislumbram. A Unidade Técnica de Apoio Orçamental do Parlamento encontrou 255 milhões camuflados e considera poder existir uma suborçamentação naquele valor das receitas na proposta de Orçamento do Estado apresentada por Centeno. O ministro das Finanças jura que esta análise está incorrecta, mas não falta quem ache que Mário Centeno criou um baú que permite ter uma confortável margem de manobra por parte do Executivo de António Costa para as negociações do OE 2020, com os partidos pró-geringonça. Adicionalmente, já se percebeu que o Orçamento do Estado para 2020 prevê maiores cativações do que as efectuadas em 2019.
Na proposta de Orçamento para 2020, há muitos pontos em branco propositadamente deixados para essa negociação na especialidade. Na realidade, o baile está armado em São Bento. Para já, o PS é o único a dizer que sim a Centeno, mas há uma fila de espera de pedidos e um baú para dar umas esmolas. E, por cima disto tudo, temos também a certeza de que esta será a maior carga fiscal de sempre. Os próximos dias vão ser animados, cheios de danças e contradanças.
Manuel Falcão, JNegócios
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