O que mudou desde 2018? O PS ganhou as eleições europeias e as legislativas, a Esquerda aumentou a percentagem de votos, o centro direita diminuiu a sua votação e a direita populista entrou no Parlamento. O que levará, face a este cenário, a liderança do PSD a tentar uma missão salvífica junto do PS? Esta obsessão de trazer o PS para o centro deve ser razão de gáudio em São Bento e no Largo do Rato.
É que enquanto o PSD insiste em ser um fiel de balança, o PS reforça o seu peso, desequilibrando cada vez mais a balança.Como é que a liderança do PSD não percebe que só conquistando uma posição clara de Oposição pode ter capacidade negocial junto do governo e do PS?Só quem ganha uma posição tem condições negociais. Quem quer negociar a partir da fragilidade, perde sempre.
O PSD está frágil. Dividido. Se continuar numa postura de oposição soft, na tentativa de “trazer o PS para o centro”, o que vai obter, para o partido e para o país? Dois anos desta estratégia corresponderam a uma trajetória descendente para o PSD. Mais dois anos permitirão uma mudança da equação? Ou será que se está à espera que os portugueses se “fartem” do PS? Ou de, num papel secundário, aceitar um “abraço de urso” de uma espécie de futuro Bloco Central?
O PSD, em vez de, de forma séria e democrática, dar voz aos descontentes e, de forma sistemática e pedagógica, mostrar o que está mal e o que pode ser melhorado, quer acolitar o PS. António Costa agradece.
Mas Portugal fica a perder.
(excertos do texto de Jorge Barreto Xavier no OBSR)
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