António Costa gosta de brincar com o fogo e, como não dá ponto sem nó, um dos nomes avançado pelo Partido Socialista para o Tribunal Constitucional, Vitalino Canas, deve trazer água no bico.
Vítor Rainho, Ji
O primeiro-ministro sabia perfeitamente que iria criar uma onda de protesto ao avançar com o nome de um homem altamente conotado com José Sócrates – foi porta-voz nacional do PS nesse tempo, além de estar muito ligado ao mundo dos negócios, como salientaram Ana Gomes, Manuel Alegre ou Henrique Neto.
Mas este descaramento de António Costa é muito mais grave porque o cargo para que Vitalino Canas é proposto requer distância em relação aos negócios e à política menos transparente.
Atendendo a que um dos nomes que agora deixam o Tribunal Constitucional tinha sido sugerido pelo Bloco de Esquerda, também era previsível que o Bloco se mostrasse contrário à sua nomeação. O que fará então o primeiro-ministro para dar a volta ao texto? E essa é outra das incógnitas que fazem de Costa o verdadeiro jogador. No final desta trapalhada sairá, uma vez mais, por cima, dando a entender que os outros partidos perceberam mal as suas intenções. Dará alguma coisa para a troca e todos ficarão contentes.
Quando a nomeação de alguém para um cargo tão importante não obedece ao seu perfil, mas a mais uma jogada política, percebemos que não vamos no bom caminho. Mas depois das trapalhadas com o Tribunal da Relação de Lisboa começa a ser difícil acreditar no que quer que seja...
Sem comentários:
Enviar um comentário