Quando o grande combate do orçamento europeu é sobre centésimas – 1% ou 1,07% – é difícil acreditar que vai ser possível reencontrar o “interesse comum”. Neste, como noutros domínios.
Teresa Sousa, Público
1. As perspectivas não são as melhores para o Conselho Europeu extraordinário que hoje começa em Bruxelas sem hora ou data marcada para terminar. Pela primeira vez, os chefes de Estado e de Governo vão confrontar-se abertamente em torno da última proposta de orçamento plurianual da União (2021-2027), apresentada há menos de uma semana por Charles Michel, que preside ao Conselho. (...)
2. A Europa ainda não se recompôs da crise do euro e das feridas que abriu. Os partidos nacionalistas e populistas ganharam terreno suficiente para influenciar as opiniões públicas nacionais, deixando os governos pró-europeus na defensiva. O eixo Paris-Berlim está paralisado, retirando à União uma indispensável direcção política. E, sobretudo, a maior potência económica europeia está mergulhada numa profunda “introspecção existencial” sobre o seu lugar na Europa e no mundo, agravada pela crise política aberta pela demissão da sucessora de Merkel na liderança da CDU, aumentando a incerteza sobre o futuro imediato. (...)
3. O mais interessante é que a retórica em torno das ambições políticas da UE nunca foi tão eloquente. Ursula von der Leyen quer uma “Comissão geopolítica”. A Europa quer ser um exemplo para o mundo no combate às alterações climáticas, “operando uma revolução” no seu modo de produzir riqueza. (...)
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