Marcelo Rebelo De Sousa Deixou De Marcar A Agenda Política
Durante 10 anos, Cavaco Silva não compreendeu a importância da palavra – escassa e tantas vezes alheia da realidade. Marcelo, por outro lado, não entende a relevância do recato e do silêncio. Apesar de opostos na postura, ambos pecaram por excesso. Marcelo Rebelo de Sousa deixou de marcar a agenda política. É um preâmbulo do dia-a-dia jornalístico que já não se leva muito a sério. Pela simples razão de que o Presidente da República tenta fazer agenda do relevante, do irrelevante, do importante, do acessório, do essencial, do fútil. É o eterno comentador, que agora beneficia de mais palco. O desejo de busca constante de popularidade e de proximidade com os portugueses – que tanto faltou a Cavaco –, afastou-o politicamente de decisões críticas. No meio de tantos beijos e abraços, algures existirão intervenções de maior destaque, mas perdem-se no meio da fumaça. Em vez de uma figura política – que todos querem ouvir – transformou-se numa figura mediática – que todos querem ver. Costa aproveitou e tirou-lhe o palco – político, leia-se – sempre que necessário (durante a pandemia foi frequente, tendo o Primeiro-Ministro assumido o protagonismo, ficando com os louros dos bons resultados de Portugal). Noutras ocasiões, ofereceu-lhe o desejado espaço mediático para camuflar as suas fragilidades governativas (por vezes, levando Marcelo a precipitar-se como porta-voz do governo).
O balanço deste mandato revela que Marcelo serviu muito bem a António Costa. Perante esta harmonia triangular, por vezes confrangedora, entre o Presidente da República, o PS e a extrema-esquerda, a direita tem de apresentar alternativas. Curiosamente, o principal derrotado das eleições presidenciais será o partido do candidato vencedor, o PSD. (ler texto completo)
André Pinção Lucas, ECO
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