Chamar extraordinariamente um ministro em função dos assuntos de momento não é a mesma coisa que um debate ordinário e institucionalizado semana sim, semana não, sejamos claros. Numa audição parlamentar a um ministro, há mais tempo e oportunidade para escalpelizar os assuntos, procurar causas, discutir consequências e determinar de forma mais assertiva responsabilidades políticas. Mas se uma iniciativa desta natureza pode expor as fragilidades de um ministro, o alcance do escrutínio começa sempre e quase sempre acaba na sua personalidade e nas suas decisões. Penalizando politicamente o ministro, a audição parlamentar transforma-o numa barreira de protecção do primeiro-ministro. Trocar a multiplicação de debates com o Governo por audições em série a ministros é por isso um favor do PSD ao primeiro-ministro.
No curto prazo de uma semana, a liderança do PSD anunciou que vai chamar três ministros à Assembleia da República – primeiro o ministro da Defesa por causa da inacreditável derrapagem dos custos com obras no hospital militar, depois as ministras da Saúde e do Trabalho e da Solidariedade.(...) esta súbita pressa em convocar ministro atrás de ministro para prestarem esclarecimentos e darem justificações não pode deixar de convocar o triste papel do PSD no fim dos debates quinzenais.
(texto completo) no Editorial do Público , Manuel Carvalho
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