sábado, 16 de janeiro de 2021

Um Esboço De Confinamento Que Não É Confinamento Nenhum.

 O confinamento do faz-de-conta: O Governo está a falhar na sua missão de mobilizar os portugueses e as excepções ao confinamento foram talvez demasiado alargadas para que as pessoas percebam a gravidade da situação.

Em vez do novo normal do primeiro período de confinamento pressentiu-se um novo novo normal – 0 da indiferença e do relativismo. Um esboço de confinamento que não é confinamento nenhum.  


O Governo, acossado pelas dúvidas sobre a sua capacidade de antecipação ou pelo relaxamento do
Natal,
 tem hoje menos credibilidade para mobilizar os portugueses. O Presidente, influenciado pelo contexto da campanha, deixou de ser tão interveniente e assertivo. O medo deixou de ter o seu poder dissuasor, apesar de hoje o número de contágios e de mortos ser dramático. O cansaço e a impaciência relativizam a forma como se encara a ameaça.


 Resta a insistência na mensagem – mobilizando médicos e especialistas, que poderão dizer o que se passa nos hospitais ou insistir nas conclusões da ciência sobre as virtudes de um confinamento; e envolvendo o Governo, a Presidência e os partidos para se empenharem em mensagens capazes de comprometer e sensibilizar os cidadãos. Quanto mais tarde se iniciar esta tarefa, pior. A continuar assim, este confinamento do faz-de-conta está condenado a fracassar.


(excertos do Editorial de Manuel Carvalho, Público)

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