(José Veiga Sarmento, Público)
Um pouco longe, a leste, numa reencenação de Ivan o Terrível, o fogo da destruição lavra numa guerra total que vai consumindo, bem debaixo dos nossos olhos, a vida e os bens na Ucrânia, numa reedição em menos de um século, do pesadelo nazi – indiferente à sorte dos judeus que, todos os dias, desapareciam do seu lado – às explicações que hoje ouvimos para não se intervir no caminho de Putin.Mas se a Ucrânia é, agora, um momento tragicamente negro da História da Humanidade, um outro incêndio mais perto das nossas casas pode ocorrer daqui a alguns dias no fecho da eleição presidencial francesa. O problema está na escolha que os franceses vão fazer a 24 deste mês de Abril de 2022 pois essa escolha poderá influir não só na forma como eles franceses irão ser governados, como resultará, a consumar-se, numa mudança radical da vida do Continente Europeu e o início da tentativa de regresso a uma velha Europa das Nações.
Que não haja dúvidas: as eleições francesas podem vir a marcar o fim da História da Europa como um projecto de convivência pacifica para o sucesso de povos que se digladiaram ao longo de milhares de anos. O que conhecemos da liberdade de nos podermos movimentar pessoal e profissionalmente e o valor que reconhecemos no respeito por regras comuns dentro de um dos maiores mercados do Mundo poderá apagar-se progressivamente face à reposição das fronteiras, e à reintrodução da supremacia das múltiplas leis e regras nacionais que Le Pen promete promover para a França.
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