Admiro o talento, a sensibilidade, a inteligência e o conhecimento de várias pessoas, e admiro
muito os que persistem na bondade, porque desde que o mundo é mundo os bons quase sempre são recompensados com a ingratidão. Admiro-as, respeito-as pelo que conhecem e pelo que fazem, porém na maioria das vezes o meu corpo permanece em posição reta, não me curvo facilmente. Porque tenho visto só vaidade de vaidades, inclusive neste que ora reflete. O artista, o intelectual, o erudito só fazem porque precisam de platéia e aplausos, sonham em ver seus nomes nas placas e monumentos. E há muitos caridosos que ajudam só pela paz da consciência, ajudam a si mesmos.
Mas quando encontro alguém que possui inteligência e bondade nas mesmas proporções e todo bem que faz é pelo altruísmo que transcende, ou o talentoso genial que consegue ser humilde com sinceridade, ou o bondoso que não perde o senso de justiça, e da mesma forma o justo que é equânime ao julgar - diante desses eu me curvo em profunda reverência. Em minha vida encontrei pouquíssimas pessoas assim. São raras.
(Ailton Rocha: Artigos Reflexões)
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