A menos que a conspiração montada pelo Ministério Público conte com a colaboração da Polícia Judiciária e dos juízes, a narrativa do ‘timing’ é uma forte balela. Compreende-se que o doutor Rui Rio não saiba isso. O seu ofício de ciência é a economia e não o direito. Mas nos subscritores do seu manifesto abundam catedráticos de direito penal, advogados ilustres cheios de tarimba, gente de estudos, que poderiam ajudá-lo a melhorar a sua comunicação pública no tema. Umas liçõezitas sobre o funcionamento do sistema judicial poderiam fazer milagres. Mas não foi o pior. Há gente que anda em trânsito da esquerda trotskista para o PS que disse e escreveu coisas muito piores. E muito mais ignorantes. Rui Rio não está sozinho. (Eduardo Dâmaso, CM)
A inevitável narrativa do ‘timing’ das buscas e do seu impacto na atividade partidária, aquelas que sempre envolvem gente convencida da sua própria importância política, económica e social, tem um problema que raramente é explicado. A maior parte dessas buscas em processos de impacto político e económico, como foi o caso das realizadas quinta-feira, no processo das gémeas, implicam quase sempre a participação de juiz de instrução criminal, como foi o caso. São os juízes de instrução que autorizam o recurso a meios especiais de investigação e, muitíssimas vezes, que determinam a própria data das buscas, como aconteceu no caso das gémeas.
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