O referendo do Chega sobre a imigração é um acto de desespero político. O partido não tem uma ideia, uma política, uma proposta, a não ser a promoção do caos e da confusão para espanto dos parceiros e desgosto dos portugueses. Mas esquecido dos portugueses depois das eleições europeias, o Chega tenta todas as manobras em todas as direcções para captar a atenção da política nacional. O partido que pretende acabar com o regime democrático não se assume como revolucionário nem como fascista. O partido que diz que liquidou o bipartidarismo em Portugal é uma espécie de terceiro excluído com propostas delirantes e esdrúxulas. Ventura parece o comediante que perdeu a graça, se alguma a vez a teve. (...)
Depois vem o drama do PS e do orçamento. O PS é hoje uma espargata ideológica. Esta extensão política tanto pode ser excesso na liderança como ausência de liderança. O PS assume-se como consciência moral e política da nação. Feliz o país que pode dizer que tem duas consciências morais e políticas. O PS à esquerda que se julga exclusivo e patriótico. O Chega à direita que se sente exclusivo e patriótico. O voluntarismo do PS no tom estridente do líder é como um grito numa sala às escuras. É ruído sem política para intimidar o governo. Sobra a questão mais actual da política portuguesa – qual a identidade política do PS? Mais socialista do que se pensa. Menos liberal do que se afirma. Sempre democrata se estiver no poder.
(Excertos do texto de Carlos Marques de Almeida, ECO)
Sem comentários:
Enviar um comentário