A experiência sensorial humana é muito mais complexa e cheia de nuances do que se pensava, segundo um novo estudo inovador publicado no exemplar de Dezembro da revista Pain.
No artigo, os cientistas das universidades de Liverpool e Cambridge, revelam que o corpo humano possui um sistema sensorial totalmente exclusivo e isolado, independente dos nervos que dão à maioria de nós a habilidade de tocar e sentir.
Surpreendentemente, essa rede sensorial está espalhada por todos os nossos vasos sanguíneos e glândulas sudoríparas e é, para a maioria das p essoas, quase totalmente imperceptíveis.
A estes resultados inéditos vêm-se somar avanços importantes sobre as capacidades sensoriais dos seres humanos. Recentemente, cientistas demonstraram que sensações da pele afectam a audição. Já o prof. Leonid Yaroslavsky, da Universidade de Tel Aviv, acredita que os humanos têm capacidade para "ver" cores e formas por meio da pele.
"É quase como ouvir o som subtil de um único instrumento no meio de uma sinfonia", diz o neurologista Frank Rice. "É só quando mudamos o foco das terminações nervosas associadas com as sensações normais da pele que podemos apreciar as sensações escondidas por trás delas."
Os pesquisadores descobriram este sistema sensorial oculto estudando dois pacientes que foram diagnosticados com uma anormalidade rara e de causa desconhecida chamada insensibilidade congénita à dor, o que significa que eles nasceram com muito pouca capacidade de sentir dor.
"Apesar de terem sofrido alguns acidentes ao longo de suas vidas, o que torna estes dois pacientes únicos é o facto de levarem uma vida normal. O que os trouxe para a clínica foi a transpiração excessiva, foi então que descobrimos a ausência séria de sensação de dor," disse o Dr. Bowsher.
"Curiosamente, os testes convencionais com instrumentos muito sensíveis revelaram que todas as suas sensações da pele estavam gravemente prejudicadas, incluindo as reacções a diferentes temperaturas e contactos mecânicos. Mas, para todos os efeitos, eles tinham sensações adequadas para a vida diária e podiam distinguir quente ou frio, e áspero ou suave," conta ele.
O mistério aumentou quando o Dr. Bowsher, da Inglaterra, enviou biopsias de pele dos dois pacientes para o laboratório do Dr. Rice, nos Estados Unidos.
"Em condições normais, a pele contém muitos tipos diferentes de terminações nervosas capazes de distinguir entre diferentes temperaturas, diferentes tipos de contacto mecânico, tais como as vibrações de um telefone celular e o movimento dos cabelos e, sobretudo, estímulos dolorosos", explica o Dr. Rice. "Para nossa surpresa, a pele que recebemos da Inglaterra não tinha as terminações nervosas normalmente associadas com as sensações da pele. Então, como é que essas pessoas podiam sentir alguma coisa?"
A resposta parece estar na presença de terminações nervosas sensoriais sobre os pequenos vasos sanguíneos e as glândulas sudoríparas incorporadas na pele.
"Entretanto, embora todas as outras terminações sensoriais estivessem ausentes neste tipo incomum de pele, os vasos sanguíneos e as glândulas sudoríparas ainda apresentam os tipos normais de terminações nervosas. Aparentemente, esses indivíduos únicos são capazes de 'sentir as coisas' através dessas terminações nervosas restantes," diz o cientista.
"O que nós aprendemos com estes indivíduos incomuns é que há um outro nível de feedback sensorial que nos pode dar uma informação táctil consciente. Problemas com essas terminações nervosas podem contribuir para dores misteriosas, como a enxaqueca e fibromialgia, cujas causas ainda são desconhecidos, o que as torna muito difíceis de tratar," conclui Rice. (DS)
Nota: Não sei se haverá alguma relação com esta explicação mas, o que já me aconteceu foi esquecer códigos e carregar nas teclas sem olhar directamente e acertar no código que pretendia, na brincadeira costumo dizer que tenho memória nos dedos, será?!
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